quinta-feira, 30 de julho de 2009

FIZ A REDAÇÃO O TEMA ERA “ALCOOLISMO”

Esse foi o tema da prova do vestibular para o curso de licenciatura em filosofia da UFPI. Esse seria um problema de saúde publica? O que é beber socialmente uma desculpa para se entregar com o prazer ao que tem trazido muitos males a sociedade, me pergunta por que esse tema será um alerta do mal que é o alcoolismo?
O que a bebida alcoólica na sociedade? Farei um breve resumo histórico.
A história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool, sua utilização como bebida estimulante vem desde a antiguidade. Especulava Santo-Domingo que o homo erectus era consumidor de absinto há aproximadamente 250.000 anos antes. Através da arqueologia, revelou-se que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser humano são datados de aproximadamente de 8000 a 6000 a.C, Acredita-se que a bebida alcoólica teve origem na Pré-História, mais precisamente durante o período Neolítico quando houve a aparição da agricultura e a invenção da cerâmica. O vinho e a cerveja são as bebidas mais antigas de consumo humano, na Europa e Ásia foram encontrados fósseis de folhas e sementes de uva em cavernas pré-históricas. É possível também que o habito de beber tenha tido origem, não uma única vez, mas várias vezes na história, em diferentes regiões geográficas, onde tivesse atingido maior desenvolvimento agrícola. Não podemos nos esquecer, porém, que a maioria das drogas (ÁLCOOL) surgiu e existe para o bem. O homem parece ter nascido com o dom de inventar substâncias que aliviam a dor ou curam as mais variadas doenças, o problema é que o uso inadequado de algumas destas substâncias podem levar à destruição e à morte do próprio homem.
Os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios registraram de alguma forma o consumo e a produção de bebidas alcoólicas, onde no Oriente Médio já se fabricava o vinho, sendo portanto, um costume extremamente antigo e que vem persistindo por milhares de anos. Desde aquele tempo, imaginou-se o álcool como uma substância divina, podendo ser encontrado em inúmeros exemplos: na mitologia, na Bíblia, o Antigo Testamento afirma que Noé plantou vinha, E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. ( Livro de Gênesis cap.9 versículo 20), fabricou vinho e embriagou-se. Seu filho que voltava do trabalho no campo o encontrou nu e por isso foi amaldiçoado, mostrando dessa forma, já nos primórdios da civilização, um desencontro familiar registrado no livro sagrado.
Na Grécia antiga, a primeira bebida alcoólica usada foi o hidromel, que era obtido a partir da fermentação de mel e água misturados. Logo essa bebida foi substituída pelo vinho das parreiras gregas que ganharam fama pelo seu sabor e aroma, acompanhando os costumes dos povos vizinhos os gregos usavam o vinho com fins medicinais, religiosos e hedonísticos. É possível até, que a embriaguez pelo vinho tenha inspirado a própria mitologia grega criando lendas como “complexo de Édipo, o homem que amava a própria mãe, o complexo de Electra, mulher que se apaixona pelo pai, o de Cronos, o pai que devorou os próprios filhos”, sendo que até hoje influenciam muitos aspectos da psicologia e da condição humana.
No auge da civilização grega (por volta de 500 a.C.), nos tempos dos filósofos Sócrates, Platão, Aristóteles, o uso do vinho foi abrandado, fazendo parte agora de hábitos de hospitalidade e vida social. As bebedeiras só aconteciam em ocasiões especiais. Entretanto, em Atenas, ainda aconteciam exageros no beber, preocupando autoridades da época clássica, sendo criticado duramente por Sócrates e Platão. Diziam os ilustres pensadores que o “uso imoderado do álcool ou de qualquer outro elemento da vida causava a desarmonia e a perda da luz do espírito”.
Na Europa cristã, a comercialização do vinho e da cerveja cresce durante este período, assim como sua regulamentação. A intoxicação alcoólica (bebedeira) deixa de ser apenas condenada pela igreja e passa a ser considerada como um pecado por esta instituição.
Durante a Renascença, passa a haver a fiscalização dos cabarés e tabernas, sendo estipulados horários de funcionamento destes locais. Os cabarés e tabernas eram considerados locais onde as pessoas podiam se manifestar livremente e o uso de álcool participavam dos debates políticos que mais tarde vão desencadear na Revolução Francesa.
No Brasil a bebida alcoólica usada por nossos índios era o cauim, uma bebida fermentada a partir da mandioca cozida ou de sucos de cajú ou de milho, que também eram cozidos em vasilhame de cerâmica.
Devido sua atuação no sistema nervoso central, o álcool é tido como uma droga psicotrópica, provocando alterações no comportamento de quem usa, além de ser potencialmente capaz de promover dependência. O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas cujo consumo é admitido e até incentivado pela sociedade, particularmente a ocidental. Dessa forma o álcool é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. Apesar de seu consumo ter ampla aceitação na sociedade, o seu uso, quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo.
O consumo de álcool é um problema de saúde pública e a compreensão desse comportamento sendo muito complexa. Ramos e Woitowitz (2004), ao realizarem uma revisão sobre o alcoolismo, constataram que cerca de 90% da população adulta no mundo ocidental consome bebida alcoólica e, entre esses, 10% fará um uso nocivo de álcool e outros 10% acabarão desenvolvendo uma dependência, o que pode ser compreendido da seguinte forma: de cada cinco bebedores, um terá problemas de saúde devido ao consumo de bebida alcoólica.[1]

Segundo pesquisas mais recentes demonstra dados admiráveis relacionados ao consumo do álcool no Brasil. Carlini, Galduróz, Noto e Nappo (2002) realizaram um estudo nas 107 maiores cidades brasileiras, com uma amostra de 47.045.907 pessoas e os resultados mostraram um aumento significativo ao consumo de álcool e outras drogas na maioria das cidades. Dos sujeitos entrevistados, 68,7% usaram bebidas alcoólicas na vida e 11,2% apresentam dependência dessa substância, correspondendo a um total de 5.283.000 pessoas. [2] Galduroz e Caetano (2004) descrevem um estudo do ano de 2000, no qual foram incluídas as 24 maiores cidades do país, num total de 2.411 entrevistas e foi estimado que 6,6% da população apresentou dependência do álcool.[3]

Rev. Pedro Domingos Pereira Neto.
Pastor da Igreja do Nazareno em Picos

E-mail: minhaesperanza@hotmail.com


1Ramos, S.P. & Woitowitz, A.B. (2004). Da cervejinha com os amigos à dependência de álcool: uma síntese do que sabemos sobre esse percurso. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26 (supl.1), 18-22.[2] Carlini, E.A.; Galduróz, J.C.; Noto, A.R. & Nappo, S.A. (2002). I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil. São Paulo: UNIFESP. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas.

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