quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Teologia Pós-Moderna ou Filosofia Humanista?

Diante de um movimento “novo” (?) que tem se levantado no meio religioso com uma proposta de repensar Deus ou rever os conceitos sobre Deus, e, ao me deparar com um vídeo que está circulando via internet, propus escrever o que segue abaixo.
Assisti, via internet, a palestra de Tom Honey, vigário de uma Igreja na Inglaterra.
Em sua palestra, Tom Honey começa dizendo que tem lutado muito e por muito tempo buscando entender sobre a natureza de Deus.
Confessa também ficar muito incomodado quando ouve cânticos nos quais se exalta e evidencia a onipotência de Deus.
Ele diz: “Na adoração da minha igreja, o adjetivo mais frequentemente usado a respeito de Deus é ‘todo-poderoso’. Mas eu tenho um problema com isso. Eu tenho ficado cada vez mais incomodado com essa percepção de Deus ao longo dos anos. Será que nós acreditamos mesmo nesse tipo de Deus chefão que nós viemos mostrando nas nossas liturgias e louvores ao longo dos anos?”.
Daí em diante Tom Honey se posiciona de uma forma que desaprova uma fé em um Deus que se utiliza do seu poder na vida humana. Ou seja: Deus é Onipotente, mas abdica desta Onipotência em sua relação com o mundo e a humanidade.
Porém, Tom Honey, como veremos mais adiante, coloca em questão não apenas a ação onipotente de Deus, mas, também, questiona a personalidade de Deus.
Ele levanta questões como: “Deus se revela na impotência”.
A maioria das pessoas que defendem essa tese (sim, a frase “Deus se revela na onipotência” já se transformou em base de teologia e fé), recorrem ao texto de Paulo, escrito aos Filipenses, que diz: “de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas, aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” – Filipenses 2.5-8.
Frases como Deus se manifestou como um Deus moribundo; Deus não é pelos pobres, mas Deus é pobre; e/ou o amor de Deus se revela em sua impotência voluntária; têm invadido os corredores não só da sociedade, mas também das igrejas e seminários teológicos.
Tom Honey não pensa diferente e, ainda, deixa claro que se Deus é todo-poderoso, e não intervém em tudo e sobre tudo, citando inclusive a tragédia causada pelo Tsunami na Ásia, então, impetra seu julgamento: “Deus é um Deus frio, insensível e indiferente”... E declara: “Deus pode até existir, mas não queremos saber dele”.
E, pondo-se na contramão da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, a qual afirma que Deus tem todo poder e controle sobre tudo e todos, Tom Honey afirma que Deus não tem poder e nem controle sobre os ventos e sobre as ondas do mar, porque se tivesse teria evitado o Tsunami.
Ele diz que em certo evento (um funeral) cantaram uma canção que na segunda estrofe diz que “o vento e as ondas obedecem a Ele (Deus)” e aí levanta uma questão: “Será que obedecem?”... E faz uma declaração: “Eu não acho que podemos cantar de novo essa canção numa igreja depois do que aconteceu”, se referindo à catástrofe do Tsunami..
Em sua palestra, Tom Honey questiona os testemunhos dos cristãos.
Ele põe em questão fatos e experiências de cristãos que foram abençoados por Deus em suas vidas.
Parece realmente não aceitar um Deus que se preocupa em abençoar uma pessoa, mas que não impede uma catástrofe. E afirma: “Isso não é aceitável para cristãos inteligentes, e nós temos que reconhecer isso”.
E tira uma conclusão: “Ou Deus é o responsável pelo Tsunami ou Deus não está no controle”.
Em seguida levanta outra questão (cuja resposta pelo “andar da carruagem” já se torna óbvia): “Podemos merecer os favores de Deus por adorá-lo ou acreditar nele?”.
Ou seja: Será que Deus trata diferentemente aqueles que crêem Nele e O adoram daqueles que não crêem Nele e nem O adoram? Será que os que não crêem Nele nem O adoram não desfrutam dos mesmos benefícios que aqueles que crêem Nele e O adoram desfrutam?
Tom Honey e muitos outros que têm proposto repensar Deus asseveram que não.
“Um nós x eles” como expressa grotescamente Tom Honey. O qual ainda faz uma acusação camuflada sob uma pergunta: “... um Deus que é culpado pelo pior tipo de favoritismo?”. E conclui: “Isso seria apavorante e esse seria o ponto em que eu cancelaria a minha afiliação (rejeitaria ser considerado filho desse Deus)”.
Aqui, Tom Honey incorpora a personagem Ivan do livro de Dostoevsky.
Aliás, parece que Tom Honey tem mais identificação com o pensamento humano e filosófico do que com a Bíblia Sagrada.
Tom Honey parece estar convencido de estar capacitado para fazer julgamentos sobre Deus.
É ele quem define quem ou o que é Deus? É ele quem determina como Deus pode e deve agir? Por acaso Tom Honey é o parâmetro de justiça?
E Tom faz a seguinte afirmação: “Tal Deus seria moralmente inferior aos mais altos ideais da humanidade”
Tom Honey... Acorda!
Então, depois de fazer alguns comentários irônicos, ele continua suas prevaricações sobre Deus... Chegando a ponderar que Deus tenha tirado umas férias de ser todo-poderoso, de ser um Deus que age sobre tudo com poder e soberania. Que Deus abdicou de controlar tudo.
Por que será que alguns têm a tendência de crer que ou Deus controla tudo como um teatro de marionetes ou Deus não controla nada?
Não seria possível Deus ter o controle de tudo, mas deixar que haja um fluxo corrente sem, no entanto, abdicar de ter qualquer ingerência ou intervenção, reservando para Si mesmo, diante da Sua sabedoria e soberania, agir no tempo e momento que bem entender?
Será que Deus não tem a liberdade de se relacionar com aqueles que sejam se relacionar com Ele, e, por meio destes, manifestar Seu amor e poder à humanidade?
Mas, pessoas como Tom Honey não aceitam um Deus que não caiba dentro de suas mentes, como ele mesmo autodenomina de “inteligentes”.
Será que Tom Honey é Elias ao inverso? Não está, Tom Honey, se referindo ao deus Baal? Tom não usa o mesmo argumento que o profeta Elias usou em relação à Baal e seus adoradores?: “E sucedeu que, ao meio dia, Elias zombava deles (profetas de Baal) e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa a fazer, ou que intente alguma viagem; porventura, dorme e despertará” – 1 Reis 18.27.
É aí que Tom Honey revela sua verdadeira intenção: “Precisamos pensar novamente sobre Deus”.
Essa é a verdadeira intenção destes “reformadores” pós-modernos.
A proposta da maioria deles é desconstruir os pilares da fé cristã.
E com este propósito Tom Honey despeja suas palavras: “Talvez Deus não faça coisa alguma... Talvez Deus não seja um agente como nós somos agentes”.
Assim, ele põe em questão duvidosa a Bíblia Sagrada, a qual revela um Deus presente, todo-poderoso, amoroso e atuante na história humana e na vida das pessoas, de forma coletiva, mas, também, individual e particular.
E Tom expõe seu pensamento panteísta: “E se Deus estiver nas coisas?”.
“A alma amorosa do universo”, sugere Tom.
Apenas “uma presença piedosa que habita e sustenta todas as coisas”.
“E se Deus estiver nas coisas” continua... “Na infinitamente complexa rede de relações e conexões que constituem a vida. No Ciclo natural de vida e morte, na criação e destruição que devem acontecer continuamente. No processo da evolução. Na incrível e magnífica complicação do mundo natural. No inconsciente coletivo, a alma da raça humana”.
E Tom explica: “Em você, em mim; mente, corpo e espírito. No Tsunami, nas vítimas. No âmago das coisas. Na presença e na ausência. Na simplicidade e na complexidade. Na mudança, no desenvolvimento e no crescimento”.
Linguagem refinada, poética e bonita, mas que despersonaliza Deus transformando-O em uma essência cósmica.
Veja o que lê propõe: “não será Deus apenas um outro nome para universo, sem existência independente alguma?”...
Para Tom Deus seria essa interdependência de tudo e do todo?
Ele continua:“Até onde podemos atribuir uma personalidade a Deus?”.
Então Tom Honey afirma que: “Ter fé nesse Deus (que nada mais é que outro nome dado a Universo e/ou que pode não ser uma personalidade) seria como confiar numa benevolência essencial no universo, e menos como acreditar num sistema doutrinário de afirmações”.
Ou seja: Para Tom Honey e muitos outros que abrigam os mesmos pensamentos, a morte nada mais é que parte de um ciclo existencial.
Novamente contraria a Bíblia Sagrada, a qual assevera que a morte é fruto da desobediência dos seres humanos diante da vontade e determinações divinas: “E ORDENOU o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” – Gênesis 2.16-17.
E o apóstolo Paulo traduz esse fenômeno que se desencadeia na vida humana da seguinte forma: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e PELO PECADO, A MORTE, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” – Romanos 5.12.
E não devemos nos esquecer do que nos diz a Carta aos hebreus: “E, como aos homens está ORDENADO morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” – Hebreus 9.27.
A morte não é, como diz Tom Honey, uma questão de ciclo natural da existência humana, mas sim, uma ruptura na seqüência da vida e um divisor desta vida humana e temporal para a vida eterna e/ou morte eterna.
A morte é uma conseqüência do pecado: “O salário (a paga) do pecado é a morte” – Romanos 6.23.
O pensamento de Tom Honey é espírita e cósmico e não Bíblico.
E quando Tom Honey questiona a possibilidade de se atribuir uma personalidade a Deus?
Na verdade Tom Honey põe dúvidas se Deus é realmente alguém. Um ser constituído de personalidade.
Para Tom, Deus está mais para o quê (coisa) do que para quem (um Ser Pessoal).
E Tom Honey ainda zomba e põe em questão a fé dos cristãos que se apóiam na Bíblia Sagrada e não em vãs filosofias... Em pensamentos humanistas como os do próprio Tom Honey o qual declara: “Como alguém pode praticar essa fé?”.
Aqui Tom Honey se refere à fé expressada pelos cristãos que apóiam tal fé numa relação pessoal com Deus e que tem por base e regra desta fé as Sagradas Escrituras.
Ou seja: Tom Honey parece não apoiar sua fé nas Escrituras Sagradas.
E Tom faz essa palestra com um ar de piedade e sinceridade tal que, se não se cuidarem, até os escolhidos poderão se desviar.
Aí Tom Honey fecha sua palestra e alcança o ápice de sua intenção, ao citar uma prática indiana (um país que cultua uma infinidade (milhões) de deuses – o Namastê – cuja saudação significa dizer: “O deus que há em mim saúda o deus que há em você”.
Ou seja: Deus está em todos e em tudo – Panteísmo.
Ao insinuar que Deus está em todos indiscriminadamente, Tom passa por cima das palavras do Senhor Jesus Cristo:
Jesus Cristo afirmou e ensinou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” – João 14.21; “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” – João 14.23.
É bom que se diga que na dita palestra veiculada pela internet, o vigário de uma Igreja na Inglaterra, em nenhum momento fala sobre Jesus Cristo.
Mas Tom Honey continua a ensinar como se desenvolve essa fé:
“Buscando uma conexão íntima com nossa essência. Se Deus está em todas as pessoas então existe um ponto de encontro onde a minha relação com você se torna num encontro a três”.
Percebe-se mais uma vez que a palavra de Tom Honey se põe totalmente contra a palavra de Deus.
Talvez Tom desconheça e/ou desacredite no que a Bíblia diz no texto abaixo:
“Não vos ponhais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há em Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor TODO-PODEROSO” – 2 Coríntios 6.14-18.
Para Tom Honey certamente não tem qualquer importância se cremos em Deus ou não, se compartilhamos da mesma fé ou não, pois, para ele, toda relação é divina.
Pelo que entendo, para Tom Honey Deus é apenas um conceito que cada um traduz e experimenta como desejar e entender ser certo e/ou achar melhor e/ou mais conveniente.
Provavelmente para Tom Honey esta seja a verdade.
Mas Tom tem mais o que nos ensinar sobre como podemos aprofundar essa fé (num Deus que não passaria de um outro nome para universo e que não tem necessariamente uma personalidade):
“Buscando a essência em todas as coisas”... “Na música, na poesia, no mundo natural de beleza e nas coisas simples da vida existe uma presença profunda que as habita e as torna excepcionais. Isso requer uma atenção profunda e uma espera paciente. Uma atitude contemplativa, uma generosidade e abertura a aqueles cujas experiências são diferentes das nossas”.
As palavras de Tom Honey professam que Deus na verdade não é uma pessoa soberana que criou e tem o Seu trono estabelecido sobre tudo e todos, mas é uma “essência”, uma “força motora”, uma “energia benevolente”, uma “consciência cósmica”, que interage com tudo porque está em tudo e porque é motivador de tudo.
É por aí que Tom Honey propõe seu pensamento de fé sobre Deus – uso, sobre, a propósito, pois não vejo a fé de Tom como uma fé proveniente de uma experiência pessoal com Deus, mas de um conceito humanista sobre Deus. Ou seja: O Deus de Tom Honey e dos que acompanham seus pensamentos é meramente conceitual.
No final, Tom confessa ter apenas “dúvidas, questionamentos e incertezas” e, que, sua sugestão era buscar “novas maneiras de pensar sobre Deus”. Como ele mesmo diz: “Maneiras que podem nos permitir prosseguir ao longo de uma nova e desconhecida estrada”, mas que afinal, a única resposta que realmente pode dar sobre tudo e sobre Deus é: “EU NÃO SEI”. E, “humildemente”, afirma que “esta pode ser a mais profunda declaração religiosa de todas” (será?).
Porque Tom não tem todas as respostas que deseja, ele se vê no direito de julgar Deus. Afinal, ele mesmo diz: “Nós exigimos respostas de Deus”.
A primeira pergunta da Bíblia Sagrada é: “Adão (ser humano), onde você está?”. Na verdade, Deus sabe muito bem onde nós estamos, mas nós mesmos não temos consciência de onde estamos. Estamos perdidos e por isso temos nos escondido atrás de argumentos humanistas dentre outros. Deveríamos fazer como Adão fez: ”Ouvi a sua voz... e temi, porque estou nu... então preferi me esconder”.
Mas pessoas como Tom Honey preferem agir como a igreja de Laodicéia a qual dizia: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”... mas Deus revela sua verdadeira condição espiritual: “Não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” – Apocalipse 3.17.
A primeira pergunta do Novo Testamento é: ”Onde está Jesus?”.
Onde está Jesus em nossas vidas?
Jesus Cristo veio para nos encontrar e salvar e para nos revelar o glorioso Deus e Pai, amoroso e todo-poderoso, o qual tem sim todo controle de tudo e todos em suas mãos. E, portanto, Ele beneficia sim aqueles que crêem e recebem essa verdade em Cristo Jesus sem, no entanto, deixar de amar os demais, pois: “quer que todos os homens (seres humanos) sejam salvos e conheçam a verdade” – 1 Timóteo 2.4.
Mas, o caminho para que essa verdade se estabeleça é um só:
“Disse Jesus: Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM” – João 14.6;
“E em nenhum outro (a não ser Jesus Cristo) há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há (além do nome de Jesus Cristo), dado entre os homens, PELO QUAL DEVAMOS SER SALVOS” – Atos 4.12;
“Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens (seres humanos), Jesus Cristo, homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” – 1 Timóteo 2.5-6.
Portanto, Jesus Cristo é a resposta de Deus para a humanidade.
Creia no Senhor Jesus Cristo e você experimentará a verdadeira salvação e liberdade existencial.
Que o Senhor, pelo Seu Espírito, nos ilumine.

Por: Paulo R. P. Cunha

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